O clã
Danava tradicionalmente Abraça seus novos membros oferecendo seu sangue aos
Deuses de nossos sistemas de Castas, onde o membro inicia para sua nova vida
após a morte.
Para
isso o jogador devera passar por ensinamentos e avaliações rígidas diárias,
realizando assim seu juramento de lealdade para com o clã e toda sociedade
ventrue.
Os
mortais supersticiosos ponderam muito sobre os meios segundo os quais um
vampiro passa a existir.
Tais
considerações variam do religioso ao bizarro, podendo constituir, a quem agrade
o gênero, uma leitura noturna aprazível.
O primeiro
e mais comum desses mitos é a lenda de que qualquer pessoa mordida por um
vampiro tornar-se-á também um vampiro. Dessa forma, cada vez que um vampiro se
alimentar, criará outro de sua espécie.
É de
admirar, portanto, que ainda haja mortais no mundo. Outra lenda reza que um
cadáver pode tornar-se vampiro se houver cometido suicídio, tiver quebrado
votos, integrado uma linhagem maldita, ou sido uma pessoa maligna de tout.
Mais
uma vez, o mundo estaria povoado apenas por vampiros e posso garantir-te uma coisa:
não vi esse exército de nosferatus. Ademais, até onde sei, não existem muitos
de nós neste mundo.
Segundo
minha experiência, existe apenas uma forma pela qual um mortal pode tornar-se
um vampiro.
A
vergonha mais uma vez invade minha alma quando recordo que planejei esta sina
para ti, e exulto pela Providência haver-me impedido.
Arrependo-me
verdadeiramente de quase ter-te condenado a uma eternidade de sofrimento.
Para
tornar-se um vampiro, uma pessoa precisa perder todo seu sangue mortal mas isso
é apenas parte do horror. Se nada mais for feito, mortui exsanguinati mortui
veri; as presas matarão de modo tão definitivo quanto à lâmina ou à bala.
À
medida que a vida se aproxima da extinção, a carne morrendo lentamente, o
vampiro agressor pode escolher poupar a vítima da morte ou negar-lhe a dádiva
do Paraíso, afinal é ele quem dá as cartas.
Substituindo
o sangue mortal roubado por um pouco do seu próprio sangue, cria-se um
progênito. Apenas uma simples gota de sangue sobre os lábios do moribundo
anima-o o bastante para que beba do sangue de seu senhor.
Mesmo a
passagem dos séculos não obscureceu minhas dolorosas lembranças. Compreende que
não sou covarde. Como soldado, suportei as privações da vida militar, os
perigos da batalha e a selvageria da vitória, na qual admito minha parcela de
culpa.
Mas
mesmo a barbárie que presenciei como prisioneiro dos turcos não poderia ter-me
preparado para a experiência de ser tragado para esta maldita meia-vida. Quando
meu sangue foi roubado, encontrava-me, de gratia potestates descriptis, num
estado de espírito muito pacífico.
Quanto
mais tipos de mortes conheço e tenho presenciado vários mais convenço-me que a
minha foi a menos angustiante. Foi como se minha experiência fosse um sonho
estranho, com um toque surreal.
Nas
pronfudezas sombrias e cálidas de minha mente moribunda, tornei-me cônscio de
uma luz; sabia que ela marcava para onde eu deveria ir, e estava certo de que,
uma vez lá, tudo estaria bem comigo.
Comecei
a flutuar em sua direção. Abruptamente a luz foi apagada. Meu rosto sentiu o
impacto, forte como o de uma bala de mosquete, e tentei gritar, a boca cheia de
fogo líquido.
Uma
causticidade cauterizoume a garganta e o estômago; a consciência retornou com
tal violência que parecia arrancar-me os membros, um a um. Mil anzóis rasgaram
minha carne, puxando-a em todas as direções.
Multipliques
por mil a ardência do vinagre num dedo cortado, e deixes essa sensação
transbordar através de cada membro e de cada veia. Acrescentes a isto a dor
contínua e torturante de uma marcha de cinco dias sem comida ou água.
Negues
sono, desfalecimento ou qualquer outra trégua à dor. E... Não adianta! A minha
habilidade em tecer palavras está alem das exigências descritivas de tal
sofrimento.
Sabia
apenas que precisava beber, e ao fazê-lo pude abater um pouco minha dor. Minha
visão clareou e então vi o que havia bebido. Minha primeira reação foi de
descrença. Isto não podia estar acontecendo.
Quando
criança, minhas amas assustavam-me para dormir com histórias de terrível, mas
havia reconhecido que tais histórias não passavam de fábulas.
Só
podia ser um pesadelo, algum tipo de alucinação. Tentei concentrar meus
pensamentos em carne, frutas, vinho, mas em vão. O sangue era vida. O sangue
era realidade. Tudo empalidecia diante dele.
Posso
apenas ser grato por naquela época encontrar-me em um lugar remoto. Tivesse
sido abraçado numa cidade, com gente ao meu redor, imagino que devastação teria
causado. A Fome embota completamente nossa razão.
Caso
meu próprio filho houvesse aparecido diante de mim, teria morrido para
saciar-me a Fome. Estava completamente escravizado por ela. Nenhum viciado em
ópio jamais foi um dependente tão indefeso e desventurado.
Gritei por
misericórdia. A memória e a recordação do que se seguiu abala-me a ponto de
impedir-me prosseguir a narrativa.Fonte: Vampire: The Masquerade 20th Anniversary Edition , p. 9,10.
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